“Por trás de tudo o que pensamos vive tudo aquilo em que acreditamos, como o supremo véu do nosso espírito.” António Machado
Não são os eventos externos às nossas vidas que nos moldam, mas sim as convicções sobre o que esses eventos significam.
Sempre que algo acontece na nossa vida o cérebro formula duas questões:
1) Isso vai significar dor ou prazer?
2) O que devo fazer agora para evitar a dor e/ou obter o prazer?
As respostas a essas duas perguntas baseiam-se nas convicções. As convicções são impulsionadas pelas generalizações a respeito do que aprendemos que pode levar à dor e ao prazer.
As generalizações são a identificação de padrões similares que servem para facilitar o nosso dia-a-dia.
O problema das generalizações é tornarem-se limitações sobre decisões futuras a respeito de quem somos e do que somos capazes de fazer.
O desafio é triplo:
1) a maioria das pessoas não decide conscientemente no que vai acreditar
2) muitas convicções baseiam-se em interpretações distorcidas de experiências passadas
3) depois de assumirmos uma convicção deixamos de vê-la como apenas uma interpretação
O QUE É UMA CONVICÇÃO?
Sentimento de certeza em relação a algo.
Convicções globais são convicções generalizadas sobre a nossa identidade, pessoas, trabalho, tempo, dinheiro e até a própria vida.
Podemos desenvolver convicções sobre qualquer coisa, se encontrarmos experiências de referência suficientes para sustentá-las (uma mesa pode ser uma boa analogia, sendo as experiências de referência as pernas da mesa e a base a convicção). Por exemplo já tivemos ou conhecemos quem tenha tido experiências suficientemente negativas ou positivas para criar a convicção de que as pessoas são más ou boas. O importante é usar essas referências de forma a criar a convicção que seja mais fortalecedora
Quais as possíveis fontes de referências nas nossas vidas? Podemos basear-nos nas experiências pessoais. Às vezes, adquirimos referências através de informações que recebemos de outras pessoas, livros, filmes, etc. Às vezes formamos referências com base exclusiva na imaginação
A intensidade emocional relativamente às referências afeta a força e extensão das pernas (experiências de referência). As pernas mais fortes e mais sólidas são formadas pelas experiências pessoais a que atribuímos uma grande carga emocional, tenham estas sido experiências dolorosas ou agradáveis. O número de referências que temos também é relevante, quanto mais experiências de referência apoiam uma ideia mais forte se tornará sua convicção. As referências podem ser reais ou imaginárias, precisas ou imprecisas. Até as experiências pessoais são distorcidas pela perspetiva pessoal
O cérebro não é capaz de perceber a diferença entre algo que imaginamos de uma forma vívida e algo que experimentamos realmente. Com intensidade emocional e repetições suficientes, o sistema nervoso experimenta algo como real, mesmo que não tenha ocorrido
“A convicção que se torna verdade para mim … é a que me permite o melhor uso da minha força, o melhor meio de acionar as minhas virtudes.” ANDRÉ GIDE
As pessoas desenvolvem com frequência convicções limitadoras sobre quem são e do que são capazes. Por medo, desenvolvem convicções que as levam a hesitar, a não se empenharem totalmente e por isso obtêm resultados limitados
Três padrões de convicções que levam ao desamparo adquirido:
Permanência: acham que até os menores problemas são permanentes
Difusão: desenvolver a convicção de que serão desastrosos em tudo, só por terem sido desastrosos numa área
Pessoal: vêm problemas como algo inerente à personalidade.
COMO MUDAR UMA CONVICÇÃO?
O meio mais eficaz é associar muita dor à convicção antiga. Deves sentir o que essa convicção te custou no passado, presente, e vai custar no futuro. Depois, associa muito prazer à ideia de adotar uma convicção nova e fortalecedora
Segundo, cria dúvida. Ter novas experiências que nos levam a questionar, interromper os nossos padrões de certeza e sacudir nossas pernas de referência.
Três categorias de convicções:
Opiniões: oscilam com a facilidade e em geral baseiam-se apenas em poucas referências que uma pessoa focalizou no momento
Convicção: forma-se quando começamos a desenvolver uma base mais ampla de pernas de referências, em particular pernas de referência sobre as quais temos fortes emoções. Essas referências proporcionam certeza absoluta sobre alguma coisa
Crença: ofusca uma convicção, basicamente por causa da intensidade emocional que uma pessoa vincula a uma ideia. Uma pessoa com uma crença reluta em questionar suas referências, tornando-se totalmente resistente a novas informações. Esta baseia-se num grau muito alto de empenho e dedicação relativamente a uma ideia, princípio ou causa
A sabedoria está em entender qual destas três categorias é mais apropriada para cada questão
“As convicções são como posses e as crenças são apenas posses mais estimadas, que permitem a um indivíduo trabalhar com fervor para a realização de objetivos, projetos e desejos, coletivos e individuais”.
Como podemos criar uma crença?
1) Começa pela convicção
2) Reforça a convicção adicionando referências novas e mais poderosas
Por exemplo, decidiste nunca mais comer carne. Para fortalecer a tua determinação, conversa com pessoas que optaram por um estilo de vida vegetariano: que motivos as levaram a mudar de dieta, quais foram as consequências na sua saúde e noutras áreas das suas vidas, etc.
Quanto mais referências desenvolveres e quanto mais intensas emocionalmente estas forem, mais forte se tornará a crença
3) Encontra um evento que funcione como um gatilho, ou então cria-o
Faz perguntas que criem intensidade emocional
4) Entra em ação
Cada ação reforça o teu empenho, elevando o nível de intensidade emocional contribuindo assim para a criação da crença
A forma mais eficaz de obter melhores resultados é utilizar as pessoas que já estão a ter sucesso naquilo que ambicionamos como modelo
Uma das convicções globais mais importantes que podemos assumir para termos sucesso e sermos felizes é que precisamos de procurar melhorar constantemente a qualidade das nossas vidas e crescer. A única segurança na vida vem de saber que melhoramos diariamente de alguma maneira, aumentando as nossas capacidades e o nosso valor para a nossa empresa, amigos, família, etc.
PEQUENAS MELHORIAS SÃO CREDÍVEIS E POR ISSO VIÁVEIS!
Desenvolve convicções que te permitam expandir enquanto pessoa, fazendo o necessário para tornares a tua vida e a vida das pessoas à tua volta ainda melhores. Ainda assim compreende que as tuas convicções podem mudar à medida que adquires novas referências. O que realmente importa é se as tuas convicções te fortalecem ou enfraquecem.
Exercício:
Analisa as tuas convicções, tanto as que fortalecem quanto as que enfraquecem, incluindo convicções que parecem não ter grande importância, e convicções globais que aparentam ser muito importantes
Inclui convicções de “se” (ex: “Se me empenhar sistematicamente terei sucesso”) e convicções globais (ex: convicções sobre as pessoas “As pessoas são boas”, convicções sobre ti mesmo, convicções sobre oportunidades, convicções sobre tempo, convicções sobre escassez e abundância)
Anota o máximo de convicções que conseguires durante dez minutos
Cria duas listas (convicções fortalecedoras ou enfraquecedoras)
Escolhe as três convicções mais fortalecedoras da tua lista. Como te fortalecem? Como fortalecem a tua vida? Pensa nos efeitos positivos
Seleciona as duas convicções mais enfraquecedoras. Ao analisá-las identifica algumas das consequências que essas convicções acarretam.
Decide que já não estás disposto a pagar o preço dessas convicções. Lembra-te de que ao questionares a veracidade das tuas convicções podes eliminar as pernas de referência. Para fazê-lo, usa as seguintes perguntas:
1. Até que ponto essa convicção é ridícula ou absurda?
2. A pessoa com quem aprendi esta convicção pode ser considerada um modelo nesta área?
3. Em última análise, quanto me vai custar, em termos emocionais, se não me livrar dessa convicção?
4. Quanto me vai custar, relativamente aos meus relacionamentos, se não me livrar dessa convicção?
5. Quanto me vai custar, em termos físicos, se não me livrar dessa convicção?
6. Quanto me vai custar, em termos financeiros, se não me livrar dessa convicção?
7. Quanto me vai custar, em termos de família e pessoas que amo, se eu não me livrar dessa convicção?
Cria uma associação plena com tudo o que essas convicções te têm custado e o que te custarão no futuro caso não as mudes. Vincula uma dor tão intensa que te vais querer livrar dela de forma permanente, e decide fazê-lo agora
Escreve os substitutos para as duas convicções limitadoras que eliminaste (por exemplo usando a antítese dessa convicção). Não nos podemos livrar de um padrão sem substituí-lo por outro