Regra 3 – Faça amizades com pessoas que querem o melhor para si


 “Os problemas de viver num sítio frio. Um sítio frio é um sítio duro.”


“Para os mais jovens não havia muito que fazer, daí os amigos serem tao importantes, principalmente no inverno.”


“Suponho que seria mais romântico sugerir que todos agarraríamos a oportunidade de fazer algo mais produtivo, tendo em conta o nosso aborrecimento de morte. Mas não é verdade. Éramos precocemente cínicos, cansados do mundo, e não queríamos a responsabilidade de participar nas atividades e desportos escolares que os adultos tentavam organizar para nós. Fazer alguma coisa não era fixe.”


“No liceu, depois de o meu grupo de amigos ter desistido de estudar, fiz amizade com um par de alunos novos… Em comparação com os meus amigos anteriores, tinham ambição; eram diretos e de confiança, mas também porreiros e divertidos… Ambos queriam chegar longe. A decisão deles reforçou a minha.”


“Quando mudamos de lugar, tudo é imprevisível, pelo menos durante um tempo. Um stress. Mas, com o caos, há inúmeras possibilidades. As pessoas não podem rotular-nos com uma imagem do nosso passado. Somos arrancados das rotinas antigas. Podemos criar rotinas novas e melhores, com pessoas que desejam coisas melhores. Pensei que isso era apenas o desenvolvimento natural. Pensei que todos aqueles que mudavam de lugar – e o queriam – tinham a mesma experiencia de Fénix Renascida. Mas não era assim.”


“Por vezes, quando as pessoas têm uma má opinião quanto ao seu valor - ou talvez recusam a responsabilidade das suas vidas -, escolhem a companhia de uma pessoa nova, mas que é precisamente do género que já lhe deu problemas no passado. Essas pessoas não acreditam que merecem melhor – por isso não procuram o melhor. Ou, talvez não queiram os problemas de querer algo melhor. Freud chama a isso “compulsão repetitiva”, que via como uma motivação inconsciente para repetir os erros do passado – por vezes, talvez, para formular esses erros com mais precisão, por vezes para tentar dominá-los, e por vezes porque não havia alternativas.”


“As pessoas também escolhem amigos que não lhes fazem bem por outras razões. Por vezes, é porque querem salvar alguém. Isto é mais comum entre os jovens, embora esse ímpeto também exista entre adultos que são demasiado gentis ou que se mantiveram ingénuos ou que não querem ver.”


“Como é que sabemos que as tentativas para ajudar alguém não irão, pelo contrário, fazer-lhe pior? Imagine alguém que tem a missão de supervisionar uma equipa de trabalhadores excecionais, todos eles esforçando-se para alcançar um objetivo comum; imagine-os a trabalhar no duro, unidos, brilhantes, criativos. Mas a pessoa que os supervisiona também é responsável por alguém com muitos problemas, que tem um desempenho péssimo noutro lugar. Num impulso, o gerente bem-intencionado insere essa pessoa problemática na equipa excelente, tentando que o exemplo dos outros melhore o novo membro do grupo. O que acontece? – a literatura da psicologia é clara quanto a esta questão. Será que o novo elemento vai entrar nos eixos de imediato? Não. Em vez disso, é a equipa inteira que degenera.”


“Antes de ajudar alguém, devemos descobrir qual a razão dos problemas dessa pessoa. Não devemos apenas assumir que se trata de uma nobre vítima da exploração e das circunstâncias injustas. Trata-se da explicação mais improvável e não da mais provável. Na minha experiencia – clinica e não só – nunca é assim tão simples. Além disso, se engolimos a história de que tudo de terrível aconteceu porque sim, sem qualquer responsabilidade por parte da vítima, negamos a essa pessoa qualquer responsabilidade no passado (e, por implicação, no presente e no futuro). Desta forma, tiramos-lhe todo o poder."

"É bem mais provável que um individuo decida rejeitar o caminho ascendente porque é o mais difícil. Talvez essa deva ser a sua assunção inicial, sempre que enfrentamos uma dessas situações. Mas isso é muito duro, podemos pensar. É possível. Talvez seja demasiado. Mas considere o seguinte: o falhanço é a sua existência. Da mesma maneira, o medo, o ódio, o vício, a promiscuidade, a traição e o engano não exigem uma explicação. Não é a existência do vício, ou a indulgência que lhe é inerente, que requer uma explicação, porque o vício é algo fácil. O falhanço também é fácil. É mais fácil não carregar fardo algum. É mais fácil não pensar, e não fazer, e não nos preocuparmos. É mais fácil adiar para amanhã aquilo que precisa de ser feito hoje. Como diz o infame pai da família Simpson, imediatamente apos beber um frasco com maionese e vodca: “Isso é um problema para o Homer do futuro. Meu, não invejo esse tipo!”


“Sucesso: esse é o mistério. Virtude: aquilo que é explicável. Para fracassar, apenas precisamos de alimentar alguns maus hábitos. Depois, só temos de esperar. E uma vez que alguém tenha passado algum tempo a alimentar maus hábitos e a esperar, fica progressivamente diminuído. Muito daquilo que podia ter sido já se dissipou, e muito daquilo que se tornou é agora algo real. As coisas colapsam por si mesmas, mas os pecados dos homens aceleram a sua degeneração. E depois vem o dilúvio."

"Não estou a dizer que não há esperança na redenção. Mas é muito mais difícil puxar alguém de um abismo do que tirá-lo de uma vala. E alguns abismos são mesmo muito fundos. E quando chegamos ao fundo, já quase não resta nada do corpo que lá caiu.”


“Talvez devêssemos esperar antes de ajudar, até ser claro que essa pessoa quer ajuda. Carl Rogers, o famoso psicólogo, acreditava ser impossível uma relação terapêutica se a pessoa que procura ajudar não quiser melhorar. Rogers acreditava que era impossível convencer alguém a mudar para melhor. Em vez disso, o desejo de melhorar era uma pré-condição do progresso.”


 “… os exemplos são um desafio, e todos os heróis são um juiz.”


“Eis algo que deve considerar: se tem um amigo que não recomendaria a sua irmã, ao seu pai, irmão, filho, porque tem esse amigo?”


“A lealdade tem de ser negociada, justa e honesta. A amizade é um arranjo reciproco. Não estamos moralmente obrigados a apoiar alguém que está a fazer do mundo um lugar pior. Pelo contrário. Devemos escolher pessoas que querem que as coisas melhorem em vez de piorarem. É algo bom, e não fruto do egoísmo, escolher alguém que seja bom para nós.”


“Se nos rodeamos de pessoas que nos apoiam no caminho ascendente, elas não irão tolerar o nosso cinismo e destruição. Em vez disso, irão encorajar-nos a fazer o melhor para nós e para os ouros, e irão punir-nos cuidadosamente quando não o fizermos. Isso ajudará a reforçar a nossa vontade para fazermos o que devemos fazer, da forma mais apropriada e rigorosa.”


“Quando nos aventuramos a almejar o caminho ascendente, revelamos a insuficiência do presente e a promessa do futuro. Depois inquietamos os outros, nas profundezas das suas almas, onde podem compreender que o seu cinismo e imobilidade são injustificáveis. Fazemos o papel de Abel diante de Caim. Lembramos os outros que deixarem de se preocupar, não por causa dos horrores da vida, que são inequívocos, mas porque não querem carregar o mundo nos seus ombros, onde ele deve estar.”


“Não julgue que é mais fácil rodear-se de pessoas boas e saudáveis psicologicamente, do que estar acompanhado de pessoas más e perversas. Não é. Uma pessoa boa e saudável mentalmente é um ideal. É preciso força e arrojo para estarmos ao lado dessa pessoa. É preciso humildade e coragem. Temos de usar o nosso julgamento e protegermo-nos da compaixão e da piedade que são demasiado acríticas.”


Maio, 2020

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